Impulsionadas pelo vencimento histórico de títulos atrelados à Taxa Selic e pela atratividade dos juros elevados, as vendas de títulos públicos a pessoas físicas por meio do Tesouro Direto atingiram um recorde em março. De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Tesouro Nacional, foram vendidos R$ 11,69 bilhões em papéis — o maior volume mensal desde a criação do programa, em 2002.
O resultado representa um salto de 102,86% em relação a fevereiro e uma alta expressiva de 231,11% na comparação com março de 2023. O recorde anterior havia sido registrado em agosto do ano passado, com R$ 8,01 bilhões.

A maior parte da procura se concentrou em títulos corrigidos pela Selic, que responderam por 63,2% das vendas. A explicação está no patamar elevado da taxa básica de juros, que subiu de 10,5% ao ano em setembro para os atuais 14,25%, tornando esses papéis especialmente atrativos em um cenário de incerteza econômica.
Demanda cresce entre pequenos investidores
O programa também bateu recorde no valor médio por operação: R$ 12.924,37. Ainda assim, o perfil de pequeno investidor permanece predominante. Vendas de até R$ 5 mil representaram 72,2% das 904.506 operações realizadas no mês, e 48,9% dessas aplicações foram inferiores a R$ 1 mil.
A preferência foi por títulos de curto prazo: papéis com vencimento em até cinco anos representaram 46,7% das vendas. Já os com prazo entre cinco e dez anos responderam por 38,7%, e os com vencimento superior a dez anos, por apenas 14,6%.
Renda+ e Educa+ têm participação tímida
Entre os novos produtos do Tesouro voltados ao planejamento financeiro familiar, o Tesouro Renda+ (voltado à aposentadoria) respondeu por 4,9% das vendas, enquanto o Tesouro Educa+, lançado para financiar estudos superiores, teve 1,2% de participação.
Investidores ativos crescem, mas 78 mil saem do programa
Apesar do crescimento geral, 78,9 mil investidores deixaram o Tesouro Direto em março — reflexo de quem resgatou títulos que venceram, especialmente os atrelados à Selic, e optou por não reinvestir.
O número total de investidores cadastrados alcançou 31.972.319, com crescimento de 14,17% em 12 meses. Já os investidores ativos, com operações em andamento, somaram 2.947.516 — alta de 15,4% no mesmo período.
Estoque sobe com correção de juros
Mesmo com resgates líquidos de R$ 742,3 milhões no mês, o estoque total do Tesouro Direto subiu 0,66% em relação a fevereiro, alcançando R$ 165,095 bilhões — alta de 23,88% na comparação anual, puxada pela correção de juros.
O programa, criado em 2002 para democratizar o acesso aos títulos públicos, segue como uma ferramenta importante para o governo captar recursos e para o cidadão investir com segurança.