Pouco mais de 36 horas de ter sido sequestrado, o empresário e fazendeiro João Coutinho, 64 anos, foi libertado na noite desta terça-feira (31) na cidade de Jitaúna, a quase 100 quilômetros de distância de Aurelino Leal, cidade onde foi surpreendido pelos criminosos no último domingo (29). Segundo fontes extraoficiais, ele foi deixado num ponto da zona rural com hematomas, após a família pagar o resgate.
Em relação à soltura do fazendeiro, a Polícia Civil disse apenas que o fato está sendo investigado pela 7ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Ilhéus), “que já tomou conhecimento da soltura de João Coutinho, mas aguarda oitiva de familiares para ter informações oficiais sobre o ocorrido”.
Desde a segunda-feira (31), a reportagem vem tentando falar com a família do fazendeiro, mas sem sucesso.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento do reencontro do fazendeiro com parentes na cidade de Ubaitaba, onde vive. Na imagem, ele aparece sendo recebido com festa, com alguns abraços e aplausos na porta de casa.
De acordo com moradores de Ubaitaba, João Coutinho foi deixado numa fazenda, que fica a 15 quilômetros do centro da cidade de Jitaúna, por volta das 22h. Ele manteve contato com o zelador da propriedade, que por sua vez, acionou a família do fazendeiro, informando que ele estava a caminho de casa.
O fazendeiro apresentava lesões no corpo. “Ele chegou abatido, com marcas de agressão nos braços e no rosto”, contou um morador, ao comentar a negociação com os criminosos.
Ainda segundo moradores, João Coutinho teria comentado que não sabia onde estava sendo mantido em cativeiro. “Ele falou que estava o tempo todo com o rosto coberto, que temia pela morte, pois a todo o tempo era ameaçado pelos criminosos”, comentou uma das pessoas ouvidas pela reportagem.
Sequestro
João Coutinho foi sequestrado em uma de suas propriedades, na zona rural de Aurelino Leal, no sul da Bahia, no domingo. Ele estava na companhia de dois dos seus funcionários quando foi surpreendido por três encapuzados.
Ele foi levado em sua própria picape de luxo, abandonada horas depois numa cidade. Antes de saírem, os criminosos entregaram aos funcionários da vítima um celular para a negociação do resgate.
O fazendeiro foi libertado após pagamento de resgate (Foto: Divulgação) |
“Eles deram o aparelho para ser entregue à família de João. Os funcionários disseram que eles pediram R$ 1,5 milhão, mas até o momento a família do empresário não nos procurou. Então não sabemos se já ocorre uma negociação. Independente disso, estamos investigando como sequestro, devido ao que foi relatado pelos dois funcionários, pai e filho, pessoas de confiança da vítima”, declarou o titular da delegacia da cidade, delegado Marcos Larocca, durante entrevista nesta segunda (31).
Larocca acionou uma equipe especializada em sequestro da Polícia Civil em Salvador.
O delegado disse que trabalha com outras possibilidades para o crime, entre elas o fato de estar relacionado à agiotagem. “Ele possuiu mais de cinco fazendas, tem loja de material de construção e de compra e venda de cacau, mas também trabalhava com agiotagem. Não está descartada essa possibilidade. Todo mundo sabe que quem mexe com dinheiro dessa forma sabe qual é o risco. No entanto, existe outra linha de investigação, ao qual não posso falar para não comprometer a apuração”, declarou o delegado.
Além dos dois empregados que testemunharam o sequestro, alguns parentes de João Coutinho já foram ouvidos, a exemplo de um irmão dele.
Encapuzados
De acordo com o depoimento dos funcionários da fazenda, João Coutinho tinha acabado de contar o gado, quando os bandidos chegaram ao local por volta das 10h30 de domingo.
Eles estavam encapuzados, usando jaquetas e luvas pretas. “Tudo indica que são pessoas preparadas, experientes nesse tipo de crime. Não eram amadores”, pontuou o delegado nessa segunda.
Na hora da abordagem, o empresário resistiu e logo foi dominado pelos criminosos, que usaram uma picape Toyota Hilux na cor vinho, da própria vítima, para levá-la.
O carro foi encontrado na noite do mesmo dia do sequestro na cidade de Jaguaquara, sudoeste do estado. Há três anos, o empresário teve uma de suas lojas assaltada.