Mesmo com autorização do Supremo Tribunal Federal para ficar em silêncio, a influenciadora digital Virgínia Fonseca falou à CPI das Bets do Senado. E começou dizendo ter consciência do impacto que suas mensagens chegam aos mais de 53 milhões de seguidores. Mas que, no caso das propagandas sobre apostas virtuais, sempre alertou seus seguidores.
Quando eu posto, sempre deixo muito claro que é um jogo, que pode ganhar e pode perder; que menor de 18 anos é proibido na plataforma; se possui qualquer tipo de vício, o recomendado é não entrar; e para jogar com responsabilidade. Coloco sempre todas as imagens do Conar, exigidas pelo Conar. Então eu sempre deixo isso claro. Nunca falei que é pra pessoa entrar e para fazer o dinheiro da vida dela. Nunca pontuei isso.
Sobre o contratos e os post patrocinados feitos para as casas de apostas virtuais, Virgínia disse que nunca houve qualquer acordo para aumento de ganho com base na perda dos jogadores. A chamada “cláusula da desgraça”. Explicou que era um contrato padrão, válido para todos a publicidade que faz, que previa aumento de remuneração para ela em caso de aumento de lucro para a empresa. Mas que, no caso das bets, isso nunca aconteceu.
Eu fechei o meu contrato com Esportes da Sorte. E esse valor que eles me pagaram, se eu dobrasse o lucro dele, eu receberia 30% a mais da empresa. Em momento algum sobre perdas dos meus seguidores. Nunca teve sobre isso no contrato. Meu contrato não tem nada de anormal. Então o que aconteceu foi isso, mas que nem foi atingido esse valor. Nem foi dobrado. Então eu nunca recebi um real a mais do que o meu contrato de publicidade que eu fiz por 18 meses.
Virgínia Fonseca foi chamada à CPI das Bets como testemunha, para falar sobre os impactos de seus posts. É que esse é justamente um dos pontos centrais da Comissão Parlamentar de Inquérito das apostas virtuais: entender como funcionam os contratos com influencers, o tamanho da influência dessas pessoas sobre jogadores e sobre a ideia que eles têm de regulamentação de jogos e casas de apostas. A senadora Soraya Thronicke, autora do requerimento, explica.
A influência de uma pessoa como ela e outros tantos, porque ela é mais uma influenciadora, é muito importante e focada principalmente em adolescentes, pessoas mais novas. Então eu entendo que ela deveria, deve, todos devem transmitir uma uma mensagem positiva em relação a tudo. Então a influência que ela pode estar exercendo pode ser uma influência prejudicial à população brasileira.
Ao lado do advogado, a influenciadora respondeu a maior parte das peguntas dos senadores. Apenas usou o direito de não responder para falar de detalhes financeiros dos contratos, principalmente do valor que recebeu das bets. Mas deixou claro que declarou tudo à Receita Federal.