O marinheiro que conduzia a lancha Lipe e Lara foi indiciado por homicídio culposo e lesão corporal culposa, após o acidente que causou a morte do empresário Luiz Gustavo Santos Veloso de Andrade, em abril deste ano, em Morro de São Paulo, no sul da Bahia. A investigação da Delegacia Territorial de Cairu concluiu que a batida foi provocada pelo excesso de velocidade das embarcações e pela ausência de luzes de navegação na lancha conduzida pelo indiciado, que não teve o nome divulgado.
Em entrevista exclusiva ao TakTá, a viúva da vítima, Maritana Neta, demonstrou insatisfação com o encaminhamento do caso. Para ela, o indiciamento não representa a justiça que busca.
“Eu recebi o inquérito com tristeza. Não foi surpreendente. Eu já imaginava que seria esse o resultado. Eu busquei informações e estou buscando por justiça. Eu quero justiça. E a justiça vai ser feita. Da forma correta. Da forma que tem que ser”, disse.
O acidente ocorreu por volta das 18h30 do dia 7 de abril, durante a travessia entre Valença e Morro de São Paulo. A colisão envolveu as lanchas Lipe e Lara, da Associação Volta à Ilha, e Safira, da Associação de Transporte Marítimo (Astram), que naufragou parcialmente. Além da morte de Gustavo Veloso, outras 10 pessoas ficaram feridas.
Segundo a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos da Bahia (Agerba), as embarcações não tinham licença especial para realizar transporte turístico ou de fretamento. Embora a Capitania dos Portos tenha confirmado que as lanchas estavam com documentação regular, cabe à Agerba autorizar o tipo de operação que vinha sendo realizada, o que, segundo a própria agência, não havia sido feito.
Maritana afirmou que o problema é estrutural e exige mobilização. “É um processo longo, é um processo demorado, é um processo que as pessoas têm que se mobilizar. As pessoas que sentem saudade de Gustavo têm que se mobilizar, as que sentem indignação, as que correm risco nas lanchas. Tem que fazer alguma coisa”, afirmou.
Ela também relembrou que o marido não foi a primeira vítima de acidentes semelhantes na região. “Gustavo foi a quarta vítima de uma série de acidentes que vêm acontecendo, e as pessoas nem se lembram quem foi a primeira vítima, que foi em 2020. Ou seja, não tem nem cinco anos”, declarou.
Em tom emocionado, ela reforçou o impacto da perda para a família. “Foi tirado de casa um pai de família, o pai que estava planejando os 15 anos de uma filha, o pai que chegava em casa mais cedo para ficar com o bebê e criar laços e memórias com esse bebê. Um marido, um filho, que trouxe a mãe para morar perto dele. A justiça vai ser feita. Eu tenho fé nisso. E as pessoas vão se mobilizar. Não vai ficar assim”, completou.