Na lista de espera por um rim, mulher cria página nas redes sociais e divide experiências

O diagnóstico de doença renal crônica, há exatos sete anos, surgiu como um pesadelo na vida da autônoma Elisabete Machado, 41 anos. Um tratamento conservador, feito à época, lhe rendeu resultados temporários por apenas dois anos. Desde então, a hemodiálise virou rotina e, hoje, a única chance de ter uma vida normal é através do transplante de rim. A história de vida dela se soma a de outros 1.586 pacientes que também amargam a espera para receber a doação do órgão, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
A descoberta de Elisabete foi durante uma consulta de rotina com a ginecologista. “Meus exames estavam alterados, logo depois veio uma internação e a sentença. Tento viver bem com tudo isso, faço atividade, controlo a alimentação, mas confesso não ser fácil”, desabafa. Com intuito de minimizar as dores e dividir suas experiências com outras pessoas que vivem o drama da espera por um rim, Elisabete criou a página @blogueirarenal no Instagram. “Quando resolvi abrir uma página nas redes a intenção era tornar minha espera mais leve e ajudar outras pessoas com informações”, explica ela. No espaço virtual são realizadas lives com especialistas e estão disponíveis dicas importantes para quem aguarda a doação.
Entre os milhares de baianos à espera do órgão, apenas 176 foram beneficiados, conforme notificações do Registro Baiano de Transplantes. Embora o Brasil possua o maior programa público de transplante de órgãos e tecidos do mundo, que é garantido a toda população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a realização do procedimento ainda acontece de maneira tímida. Nos últimos dois anos, a situação se agravou ainda mais por conta da pandemia de Covid-19 que impactou diretamente na realização de transplantes.

Quando é preciso receber um rim – A nefrologista, membro do Departamento de Diálise da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Diretora Científica da SBN Bahia, Ana Flávia Moura, explica quem são os pacientes que geralmente têm demanda para recebimento de um novo rim. “Aqueles com doença renal crônica avançada e com sintomas ou alterações em exames que sugiram filtração insuficiente do sangue. Em geral, isso acontece quando a taxa de filtração renal está abaixo de 10mL/min”, explica a nefrologista.

Ainda de acordo com a especialista, existe uma legislação para regular os critérios considerados para seleção dos candidatos ao transplante renal. “É levado em consideração a compatibilidade genética, compatibilidade sanguínea (no caso do transplante com doador falecido, é necessário que seja o mesmo tipo sanguíneo – identidade ABO); além do tempo em fila de espera, entre outros fatores”, destaca Ana Flávia Moura.
nfelizmente, a recusa para a doação ainda é muito grande. “A falta de informação em relação à morte encefálica e à legislação que regulamenta a política de doação de órgãos, o despreparo na hora de abordar a família e as crenças religiosas são fatores que influenciam para a recusa” frisa, alertando sobre a importância de campanhas que promovam incentivo à doação de órgãos e a conscientização dos familiares e amigos.
Fonte: Bnews

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