Arqueólogos identificaram vestígios de ossos humanos no estacionamento da Santa Casa da Bahia, região do centro de Salvador que abrigou o antigo Cemitério Campo da Pólvora. O local, que teria sido fechado em 1844, funcionou por aproximadamente 150 anos e era destinado a africanos escravizados e outros grupos socialmente excluídos.
Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) utilizaram mapas e plantas do século 18 para chegar à localização atual do cemitério.
As escavações começaram no último dia 14, data que marcou os 190 anos da execução dos líderes da Revolta dos Malês, a maior rebelião escrava urbana do Brasil.
Durante audiência realizada nesta segunda-feira (26) no Ministério Público da Bahia, a arqueóloga Jeanne Dias informou que os materiais ósseos foram encontrados a cerca de 3 m de profundidade, na área aterrada onde está localizado o sítio arqueológico Cemitério dos Africanos. Já a promotora de Justiça Cristiana Seixas disse na ocasião que já foi feito um pedido à Santa Casa para preservar e ampliar a área onde são realizadas as pesquisas, desativando o estacionamento.
Os próximos passos dependerão de novas articulações entre o Ministério Público, a Santa Casa e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para o Iphan, a pesquisa arqueológica pode ajudar a resgatar a memória de pessoas que foram escravizadas e que tiveram suas histórias apagadas pela violência da escravidão.