A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, nesta terça-feira (02), ao Supremo Tribunal Federal (STF), a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli, do PL de São Paulo. A decisão ocorre após a repercussão de entrevistas em que a parlamentar afirma ter deixado o Brasil para buscar tratamento médico na Europa.
No início de maio, Carla Zambelli foi condenada pelo STF a dez anos de prisão, sob a acusação de ter comandado uma invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com a sentença, ela deve perder o mandato e ficar inelegível por oito anos, mas ainda cabe recurso no Supremo.
Em entrevista a um canal do YouTube, a deputada afirmou que tem sofrido “pressão judicial” e “perseguição política”, motivos que a fizeram decidir se mudar para o exterior e pedir licença não remunerada da Câmara dos Deputados, do mesmo modo que o deputado Eduardo Bolsonaro solicitou em março.
“Eu estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscando um tratamento médico, e é um tratamento que eu já fazia aqui, e, agora, eu vou pedir, inclusive, para que eu possa me afastar do cargo. Eu vou me basear na Europa, eu tenho cidadania europeia. Gostaria de deixar bem claro que não é um abandono do país, não é desistir da minha luta. Muito pelo contrário, é resistir!”, afirmou Zambelli.
Além da perda do mandato parlamentar, a sentença do STF prevê multa no valor de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.
Após o trânsito em julgado, a defesa de Zambelli ainda pode apresentar recurso na Câmara dos Deputados para que a matéria seja deliberada pelo Conselho de Ética, deixando a decisão final para o Plenário da Casa.
Pelas redes sociais, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, manifestou irrestrita solidariedade à decisão de Zambelli de deixar o país. Ele afirmou que o Judiciário ultrapassa os limites constitucionais para perseguir parlamentares conservadores.
Após Zambelli deixar o Brasil, o advogado Daniel Bialski informou, em nota, que deixou a defesa da congressista, por motivo de foro íntimo.
Carla Zambelli responde a outro processo na Suprema Corte, por perseguir um homem com uma pistola na véspera do segundo turno das eleições de 2022. O julgamento está suspenso, mas há maioria formada pela condenação por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.