Uma reunião emergencial com a participação da Defesa Civil de Cachoeira, IPHAN, Ministério Público Federal e as prefeituras de Cachoeira e São Félix está marcada para esta segunda-feira (20), às 9h, com o objetivo de discutir medidas urgentes para a preservação da Ponte Dom Pedro II. A estrutura, que conecta os dois municípios sobre o rio Paraguaçu, é considerada um marco da engenharia brasileira e carrega grande valor histórico, cultural e logístico para a Bahia.
Inaugurada em 1885 e construída pela empresa inglesa The Phoenix Iron Works Company, a ponte foi batizada em homenagem ao imperador Dom Pedro II. Com cerca de 365 metros de comprimento, a estrutura metálica foi projetada para uso misto — permitindo o tráfego de trens, veículos e pedestres — e até hoje segue com essa funcionalidade. Apesar de toda sua importância, são 300 meses de espera pelo tão necessário restauro da Ponte Dom Pedro II — o equivalente a 25 anos. Em entrevista ao programa Balanço Geral, da Rádio Sociedade, conduzida pela apresentadora Jessica Smetak, o diretor da Defesa Civil de Cachoeira, Pedro Erivaldo, relembrou a origem dessa longa espera:
“O senhor falou em 300 meses, ou eu estou enganada? 300 meses são 25 anos. Isso, quando houve a privatização da ferrovia, nós começamos o SOS Ponte Dom Pedro II. E aí, em 2004, foi assinado um pacto com o Ministério Público Federal, em termos de ajustamento de conduta com o Ministério Público Federal. E a ferrovia ficou obrigada a fazer o restauro da Ponte Dom Pedro II em 36 meses. Já temos 300 meses e ainda o restauro não foi completo.”
Questionado sobre o estado atual da estrutura, Pedro Erivaldo alertou sobre os riscos:
“A ponte está muito ruim. O local de sustentabilidade da ponte, nos pilares ou nas cabeceiras entre Cachoeira e São Félix, está muito deteriorado, e nós precisamos resolver esse problema. Tem local que a peça da ponte está solta, o ferrugem já detonou tudo. Então nós precisamos tentar recuperar isso. E o restauro da ponte Dom Pedro II está muito lento. Na hora de terminar de fazer o restauro, já vai ter que fazer outro, porque não tem condições: um dia a empresa trabalha, outro dia não trabalha. Nós precisamos fazer com que as coisas aconteçam. Servir até o fim do ano, até o início do próximo ano, e a pintura esteja completa.”
Além da preocupação técnica, o diretor reforçou a necessidade de mobilização política e social em torno da causa:
“É por isso que nós estamos fazendo essas reuniões, para chamar a população, os prefeitos, os vereadores. Porque aqui na nossa região, falta quatro anos de gestão e muitos se importam pouco com a ponte, porque têm outras prioridades. Mas fomos chamados para todo mundo vestir essa camisa. Meu medo maior é que a ferrovia termine agora, em 2027, a concessão acabe, e deixe a ponte em estado lamentável.”
Além de sua imponência arquitetônica, a ponte tem papel fundamental na história do Recôncavo Baiano. Foi por ela que o escoamento da produção de fumo, açúcar e outros produtos da região se intensificou, integrando economicamente o Recôncavo ao restante do estado. Sua construção foi decisiva para o desenvolvimento comercial e social da região.